domingo, setembro 06, 2009

FIM

Este Blog chegou ao fim.
Nesta altura viveu a sua vida completa e já não tem qualquer utilidade. Quero agradecer a todos os que o liam, quer comentassem ou não, pela amabilidade e também pela pachorra. Não me apetece fazer retrospectivas, aqui ficaram descritos alguns dos melhores e dos piores momentos da minha vida e foi para isso mesmo que foi criado. Ultimamente já mal passava por cá e as palavras que por aqui ia deixando acabavam por tomar significados estranhos aos olhos de quem, na verdade, não sabe o que me vai na alma.
Já percebi que a escrita está em mim e que é a ela que recorro quando as palavras me bailam na alma à procura de uma saída, mas já há algum tempo que não saem por aqui. Não vou desaparecer, nem deixar de escrever e pode ser que um dia nos voltemos a cruzar. O mail continua aí e continuarei sempre pronta a responder a quem perguntar.

Obrigada,

Elora

sábado, setembro 05, 2009

quarta-feira, agosto 12, 2009

Princesa


Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
- Eu sou Aquela de quem tens saudades,
A princesa do conto: "Era uma vez..."



Florbela Espanca

terça-feira, julho 14, 2009

A Culpa

Tenho a cabeça à volta com a necessidade de tomar decisões e assumir responsabilidades. Penso em como foram bons os últimos 15 anos neste aspecto e apercebo-me de que nunca tive realmente dificuldades com as decisões. De uma forma ou de outra procuro rapidamente soluções para os problemas e defino o que quero, pesando os prós e os contras. Não tenho grandes problemas em assumir responsabilidades e em dar a cara. Já a culpa é outro assunto diferente.
De há uns meses para cá as escolhas são minhas, as decisões são minhas, as responsabilidades são minhas. Mas tenho a perfeita noção de que as consequências também são minhas e se algo falhar a Culpa é minha.
Estou rodeada de pessoas que gostam de mim e que têm a bondade de me aconselhar quando lhes peço e, às vezes, mesmo quando não peço. são pessoas inteligentes e astutas que põe o meu bem-estar à frente e que têm o bom senso de me fazer ver os prós e os contras. Mas isto não altera o facto de as consequências serem exclusivamente minhas, de ser eu a ter de resolver quando as coisas correrem mal, de em última análise A Culpa ser minha.
Ao escrever isto apercebo-me de que não serei recriminada. Se a decisão for errada vou ter apoio e ninguém vai deixar de gostar de mim por causa disso. Curiosamente isto não me ajuda a tomar a decisão. O facto de não me recriminarem não quer dizer que não as desiluda e não me apetece desiludir ninguém. Bolas que sou complicada!

segunda-feira, junho 22, 2009

Lacre

"The time has come," the Walrus said,
"To talk of many things:
Of shoes--and ships--and sealing-wax--
Of cabbages--and kings--
And why the sea is boiling hot--
And whether pigs have wings."


quarta-feira, junho 10, 2009

Nariz

Finalmente em Nariz, acordo e deixo-me invadir pela paz. Lá fora o céu enublado transmite a ideia de que o dia ainda não acordou. É tão bom estar em Nariz. Dormi profundamente a noite inteira e acordo confortada e cheia de forças. Penso em levantar-me e descubro que não vou enfrentar o Mundo lá fora, não preciso, não há nada que enfrentar. Este mundo pertence-me e eu pertenço-lhe. Estou em casa, finalmente, sem saber bem quando ou como este local se tornou a minha casa.
Ajuda estar rodeada de amigos, ajuda saber que os meus filhos estão bem entregues e seguros, ajuda saber que não há nada a fazer, nem quaisquer responsabilidades sobre os meus ombros. Não há preocupações. O telemóvel não tem rede e a única expressão que me ocorre acerca disto é “ainda bem!”. Não preciso do telemóvel, depois de me ter assegurado que os miúdos estavam bem e de ter assegurado os outros de que tinha chegado bem. Também não tenho rede no PC e não faz mal. Não preciso.
Tomo um pequeno-almoço encantado: café com leite, pão macio com queijo e fiambre, sumo de pêra, acompanhada de um delicioso livro. Como é possível nunca ter lido Paul Auster antes? A escrita fluí facilmente do livro, ondeia, rodopia, toca-me fundo e acaricia-me a alma. As palavras são intensas e precisas, com uma limpidez que me atraí magneticamente. As ideias são complexas e imersivas. Como é que isto me escapou anteriormente? Maravilho-me com a tradução, que por uma vez não me irrita a garganta e fico a pensar se esta escrita será ainda mais mágica no original. Ninguém me interrompe e leio sem pressa e sem medo de ter de parar de repente. Domino o Tempo e encaixo-me no espaço.
Lembro a conversa da última vez, a conversa da noite passada e maravilho-me com a facilidade com que me resolvo aqui, como me organizo interiormente. Abro o computador sem rede e escrevo, deixando escorregar a alma para as teclas, transpirando o bem-estar para o texto. Agora vou levar esta paz para um Pc com rede e continuar a encaixar as minhas peças, sem pressas nem pressões, aqui, no meu sítio.

quarta-feira, junho 03, 2009